quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Lula defende a bandeira da energia limpa na ONU

Pronunciamento aborda preservação ambiental, biocombustíveis e desenvolvimento

NOVA YORK (EUA) - Depois de ter usado as viagens bilaterais para falar a varejo do programa brasileiro dos biocombustíveis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem a platéia especial da abertura da 62ª Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) para fazer uma pregação no atacado: diante de representantes de 192 países, o presidente vinculou a produção de etanol e biodiesel à preservação ambiental.

O presidente lembrou que o Brasil sediou em 1992 a conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento, a Rio-92, propôs uma avaliação "do caminho percorrido" e acrescentou que é preciso "estabelecer novas linhas da atuação". Para isso, sugeriu ao plenário da Assembléia Geral a realização, em 2012, de uma nova conferência mundial. "O Brasil se oferece para sediar a Rio+20", disse, fazendo alusão o fato de que a nova conferência aconteceria 20 anos depois da Rio-92.

Lula também aproveitou a reunião para mandar um recado sobre a Amazônia. Depois de citar o trabalho do governo para preservar a floresta, afirmando que o desmatamento "foi reduzido a menos da metade", o presidente avisou que não aceita intromissões nas políticas públicas para a região: "O Brasil não abdica, em nenhuma hipótese, de sua soberania e nem de suas responsabilidades sobre a Amazônia".

Disse que é "plenamente possível combinar biocombustíveis, preservação ambiental e produção de alimentos", e anunciou que "o Brasil pretende organizar em 2008 uma conferência internacional sobre biocombustíveis".

Resposta

A defesa dos biocombustíveis e a convicção de que a produção de etanol não compromete a produção de alimentos foram uma resposta às críticas que vem recebendo de presidentes como Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba, que condenam o uso de áreas agricultáveis para plantar cana e outras plantas usadas na produção de álcool combustível.

"O problema da fome no planeta não decorre da falta de alimentos, mas da falta de renda que golpeia quase um bilhão de homens, mulheres e crianças", disse Lula. "A cana-de-açúcar ocupa apenas 1% de nossas terras agricultáveis", exemplificou.

Ao dizer que os biocombustíveis podem ser muito mais do que "uma energia limpa", o presidente acrescentou que para "mais de uma centena de países pobres" da América Latina, da Ásia e, sobretudo, da África, o etanol "pode propiciar autonomia energética, gerar emprego e renda e favorecer a agricultura familiar". E acrescentou que o Brasil dará, como exemplo, "todas as garantias sociais e ambientais à produção de biocombustíveis".

Riqueza e lucro

Lula abriu o discurso fazendo uma pregação radical contra a "cobiça irrefletida", a necessidade de mudar o "modelo de desenvolvimento" e de por fim à "relação irresponsável com a natureza" - sem isso, afirmou, o mundo pode viver uma "catástrofe ambiental e humana sem precedentes".

O presidente disse ser preciso "reverter a lógica aparentemente realista e sofisticada, mas na verdade anacrônica, predatória e insensata, da multiplicação do lucro e da riqueza a qualquer preço". Emendou com uma frase de efeito: "Há preços que a humanidade não pode pagar".

Ao tratar da necessidade de enfrentar os problemas ambientais e climáticos, Lula disse ser "inaceitável que o ônus maior da imprevidência dos privilegiados recaia sobre os despossuídos da terra". E sentenciou: "Os países mais industrializados devem dar o exemplo", cumprindo o que foi estabelecido no Protocolo de Kioto.

O presidente citou positivamente a proposta do presidente francês Nicolas Sarkozy de ampliar o Conselho de Segurança da ONU com a inclusão permanente de países em desenvolvimento. O Brasil luta historicamente para ter direito a voto no órgão. "É hora de passar das intenções à ação".





25/09/2007

Ricardo Stuckert/PR



A íntegra do discurso

"Senhoras e senhores chefes de Estado e de governo, senhor Serjam Kerim, presidente da Assembléia Geral das Nações Unidas, senhor Ban Ki-Mun, secretário-geral das Nações Unidas, senhoras e senhores delegados, cumprimento-o, senhor secretário-geral, por ter sido escolhido para ocupar posição tão relevante no sistema internacional. Saúdo sua decisão de promover debates de alto nível sobre o gravíssimo problema das mudanças climáticas. É salutar que essa reflexão ocorra no âmbito das Nações Unidas.

Não nos iludamos: se o modelo de desenvolvimento global não for repensado, crescem os riscos de uma catástrofe ambiental e humana sem precedentes. É preciso reverter essa lógica aparentemente realista e sofisticada, mas na verdade anacrônica, predatória e insensata, da multiplicação do lucro e da riqueza a qualquer preço. Há preços que a humanidade não pode pagar, sob pena de destruir as fontes materiais e espirituais da existência coletiva. Sob pena de destruir-se a si mesma. A perenidade da vida não pode estar à mercê da cobiça irrefletida.

O mundo, porém, não modificará a sua relação irresponsável com a natureza sem modificar a natureza das relações entre o desenvolvimento e a justiça social. Se queremos salvar o patrimônio comum, impõe-se uma nova e mais equilibrada repartição das riquezas, tanto no interior de cada país como na esfera internacional. A eqüidade social é a melhor arma contra a degradação do planeta

Cada um de nós deve assumir sua parte nesta tarefa. Mas não é admissível que o ônus maior da imprevidência dos privilegiados recaia sobre os despossuídos da terra. Os países mais industrializados devem dar o exemplo. É imprescindível que cumpram os compromissos estabelecidos pelo Protocolo de Kyoto.

O Brasil lançará em breve o seu Plano Nacional de Enfrentamento às Mudanças Climáticas. A floresta amazônica é uma das áreas que mais poderão sofrer com o aquecimento do planeta. Mas há ameaças em todos os continentes: elas vão do agravamento da desertificação até o desaparecimento de territórios ou mesmo de países inteiros pela elevação do nível do mar.

O Brasil tem feito esforços notáveis para diminuir os efeitos da mudança do clima. Basta dizer que, nos últimos anos, reduzimos a menos da metade o desmatamento da Amazônia. Um resultado como esse não é obra do acaso. Até porque o Brasil não abdica, em nenhuma hipótese, de sua soberania nem de suas responsabilidades na Amazônia.

Os êxitos recentes são fruto da presença cada vez maior e mais efetiva do Estado Brasileiro na região, promovendo o desenvolvimento sustentável - econômico, social, educacional e cultural - de seus mais de 20 milhões de habitantes.

Estou seguro de que nossa experiência no tema pode ser útil a outros países. O Brasil propôs em Nairobi a adoção de incentivos econômico-financeiros que estimulem a redução do desmatamento em escala global. Devemos aumentar igualmente a cooperação Sul-Sul, sem prejuízo de adotar modalidades inovadoras de ação conjunta com países desenvolvidos. Assim, daremos sentido concreto ao princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.

É muito importante o tratamento político integrado de toda a agenda ambiental. O Brasil sediou a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-92.

Precisamos avaliar o caminho percorrido e estabelecer novas linhas de atuação. Proponho a realização, em 2012, de uma nova conferência, que o Brasil se oferece para sediar, a Rio+20.

Senhoras e senhores, não haverá solução para os terríveis efeitos das mudanças climáticas se a humanidade não for capaz também de mudar seus padrões de produção e consumo. O mundo precisa, urgentemente, de uma nova matriz energética. Os biocombustíveis são vitais para construí-la. Eles reduzem significativamente as emissões de gases de efeito estufa. No Brasil, com a utilização crescente e cada vez mais eficaz do etanol, evitou-se nestes 30 últimos anos a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Os biocombustíveis podem ser muito mais do que uma alternativa de energia limpa.

O etanol e o biodiesel podem abrir excelentes oportunidades para mais de uma centena de países pobres e em desenvolvimento: na América Latina, na Ásia e, sobretudo, na África. Podem propiciar autonomia energética, sem necessidade de grandes investimentos. Podem gerar emprego e renda e favorecer a agricultura familiar. E podem equilibrar a balança comercial, diminuindo as importações e gerando excedentes exportáveis.

A experiência brasileira de três décadas mostra que a produção de biocombustíveis não afeta a segurança alimentar. A cana-de-açúcar ocupa apenas 1% de nossas terras agricultáveis, com crescentes índices de produtividade. O problema da fome no planeta não decorre da falta de alimentos, mas da falta de renda que golpeia quase 1 bilhão de homens, mulheres e crianças.

É plenamente possível combinar biocombustíveis, preservação ambiental e produção de alimentos. No Brasil, daremos à produção de biocombustíveis todas as garantias sociais e ambientais.

Decidimos estabelecer um completo zoneamento agroecológico do País para definir quais áreas agricultáveis podem ser destinadas à produção de biocombustíveis. Os biocombustíveis brasileiros estarão presentes no mercado mundial com um selo que garanta suas qualidades sociolaborais e ambientais.

O Brasil pretende organizar em 2008 uma conferência internacional sobre biocombustíveis, lançando as bases de uma ampla cooperação mundial no setor. Faço aqui um convite a todos os países para que participem do evento. A sustentabilidade do desenvolvimento não é apenas uma questão ambiental; é também um desafio social.

Estamos construindo um Brasil cada vez menos desigual e mais dinâmico. Nosso país voltou a crescer, gerando empregos e distribuindo renda. As oportunidades agora são para todos.

Ao mesmo tempo em que resgatamos uma dívida social secular, investimos fortemente em educação de qualidade, ciência e tecnologia. Honramos o compromisso do Programa Fome Zero ao erradicar esse tormento da vida de mais de 45 milhões de pessoas Com dez anos de antecedência, superamos a primeira das Metas do Milênio, reduzindo em mais da metade a pobreza extrema.

O combate à fome e à pobreza deve ser preocupação de todos os povos. É inviável uma sociedade global marcada pela crescente disparidade de renda. Não haverá paz duradoura sem a progressiva redução das desigualdades. Em 2004, lançamos a Ação Global contra a Fome e a Pobreza.

Os primeiros resultados são animadores, principalmente a criação da Central Internacional de Compra de Medicamentos. A Unitaid já conseguiu reduções de até 45% nos preços dos medicamentos contra a aids, a malária e a tuberculose destinados aos países mais pobres da África.

É hora de dar-lhe um novo impulso. Idéias que tanto mobilizaram nossos povos não podem perder-se na inércia burocrática.

Mas a superação definitiva da pobreza exige mais do que solidariedade internacional. Ela passa, necessariamente, por novas relações econômicas que não penalizem os países pobres.

A Rodada de Doha da OMC deve promover um verdadeiro pacto pelo desenvolvimento, aprovando regras justas e equilibradas para o comércio internacional.

São inaceitáveis os exorbitantes subsídios agrícolas, que enriquecem os ricos e empobrecem os pobres. É inadmissível um protecionismo que perpetua a dependência e o subdesenvolvimento. O Brasil não poupará esforços para o êxito das negociações, que devem beneficiar sobretudo os países mais pobres.

Senhor presidente, a construção de uma nova ordem internacional não é uma figura de retórica, mas um requisito de sensatez. O Brasil orgulha-se da contribuição que tem dado para a integração sul-americana, sobretudo no Mercosul.

Temos atuado para aproximar povos e regiões, impulsionando o diálogo político e o intercâmbio econômico com países árabes, africanos e asiáticos, sem abdicar de nossos parceiros tradicionais.

Criamos - Brasil, África do Sul e Índia - um foro inovador de diálogo e ação conjunta, o Ibas. Temos realizado inclusive projetos concretos de cooperação em diversos países, a exemplo de Haiti e Guiné-Bissau.

Todos concordamos ser necessária uma maior participação dos países em desenvolvimento nos grandes foros de decisão internacional, em particular o Conselho de Segurança das Nações Unidas. É hora de passar das intenções à ação. Notamos, com muito agrado, as recentes propostas do presidente Sarkozy, de reformar o Conselho de Segurança, com a inclusão de países em desenvolvimento. Igualmente necessária é a reestruturação do processo decisório dos organismos financeiros internacionais.

Senhor presidente, as Nações Unidas são o melhor instrumento para enfrentar os desafios do mundo de hoje. É no exercício da diplomacia multilateral que encontramos os meios de promover a paz e o desenvolvimento.

A participação do Brasil, em conjunto com outros países da América Latina e do Caribe, na Missão de Estabilização no Haiti simboliza nosso empenho de fortalecer o multilateralismo. No Haiti, estamos mostrando que a paz e a estabilidade se constroem com a democracia e o desenvolvimento social.

Senhoras e senhores, ao entrar neste prédio, os delegados podem ver uma obra de arte presenteada pelo Brasil às Nações Unidas há 50 anos. Trata-se dos murais Guerra e Paz, pintados pelo grande artista Cândido Portinari.

O sofrimento expresso no mural que retrata a guerra nos remete à alta responsabilidade das Nações Unidas de afastar o risco de conflitos armados. O segundo mural revela que a paz vai muito além da ausência da guerra. Pressupõe bem-estar, saúde e um convívio harmonioso com a natureza. Pressupõe justiça social, liberdade e superação dos flagelos da fome e da pobreza.

Não é por acaso que o mural Guerra está colocado de frente para quem chega, e o mural Paz, para quem sai. A mensagem do artista é singela, mas poderosa: transformar aflições em esperança, guerra em paz, é a essência da missão das Nações Unidas. O Brasil continuará a trabalhar para que essa expectativa tão elevada se torne realidade. Muito obrigado."

Fonte: Folha Online

http://www.tribuna.inf.br/noticia.asp?noticia=pais07

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Discurso de Lula na ONU deverá tratar de Doha e etanol

O discurso de abertura da Assembléia Geral da ONU, que será feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira, deverá trazer uma defesa do etanol e mencionar o empenho brasileiro por um desfecho satisfatório da Rodada de Doha, de liberalização do comércio mundial. Após ter se encontrado na segunda-feira com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, Lula afirmou que o governo americano demonstrou flexibilidade para desfazer os impasses que vinham travando a rodada, em referência à intenção americana de fazer concessões no setor de subsídios agrícolas. O presidente deverá também frisar que o desfecho da Rodada de Doha precisa levar em conta os interesses dos países em desenvolvimento.

Segundo fontes do Itamaraty, o presidente deverá defender o etanol como uma commodity energética internacional.

Lula deverá também defender o multilateralismo na diplomacia e, dentro desse contexto, voltará a pedir, assim como fez no ano passado, a reforma da ONU e a ampliação do Conselho de Segurança da entidade. A obtenção de uma vaga permanente no Conselho tem sido uma das bandeiras da política internacional do governo. O tema foi tratado pelo presidente no discurso que realizou na ONU no ano passado, mas, desde então, a pretensão brasileira de obter uma vaga permanente pouco avançou.

Com vistas ao assento no Conselho, é aguardado que Lula mencione o êxito do Brasil no comando das tropas de paz da ONU no Haiti.

O presidente também deverá tratar dos esforços do Brasil para alcançar as chamadas Metas do Milênio da ONU, que abrangem, entre outros temas, a erradicação da fome e da pobreza, a educação básica para todos e o combate à Aids. Lula pretende ainda tratar de aquecimento global e expor o que o Brasil vem fazendo em prol da preservação da Amazônia.

Fonte: Uol Notícias - http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2007/09/25/ult4904u179.jhtm

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

domingo, 23 de setembro de 2007

Presidente Lula embarca hoje para Nova York

23/09/2007

da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo para Nova York, onde participa da abertura da Assembléia-Geral das Nações Unidas nesta segunda-feira (24).

A partida, que estava prevista amanhã, foi antecipada para hoje (23). Lula deve embarcar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por volta das 15h30.

Nos Estados Unidos, Lula participa de jantar oferecido pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, aos chefes de Estado e governo sobre o tema da mudança climática, na segunda-feira à noite.

Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, além de participar da assembléia, Lula se reúne amanhã com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, no Hotel Waldorf Astoria, logo após o encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, na sede da ONU.

No total, o presidente brasileiro deve se reunir com seis chefes de Estado e de governo durante sua passagem por Nova York. Já estação agendados rápidos encontros com o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, e da França, Nicholas Sarkozy.


ONU


Alguns países já confirmaram a presença de seus líderes na 62ª Assembléia Geral da ONU, como Estados Unidos, Indonésia, África do Sul, França, México, Benin, Alemanha, Portugal, Canadá, Itália, além do presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. Na terça-feira (25), Lula mantém encontro privado com Ban Ki-moon.

Ainda na terça-feira, pela manhã, acontece a abertura do debate geral da assembléia. O Brasil deve ser o primeiro país a falar e o discurso de Lula deve ressaltar o papel dos biocombustíveis para o desenvolvimento sustentável.

O porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, informou na última quarta-feira (19) que a fala do presidente deve abordar ainda temas como "as conquistas do Brasil na diminuição da desigualdade social, as metas do milênio, ação internacional contra a fome e a pobreza, a necessidade de reforçar a dimensão de desenvolvimento da missão da ONU no Haiti, o reforço do multilateralismo e o imperativo da participação de países em desenvolvimento nos grandes fóruns de decisão internacionais, tais como o Conselho de Segurança e o G8".

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, também participa do evento da ONU e embarca para Nova York após realizar reuniões no Haiti com o presidente do país, René Preval.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u330735.shtml



domingo, 16 de setembro de 2007

Presidente Lula e dona Marisa chegam à Espanha


Ricardo Stuckert/ABr

Lula e dona Marisa são recebidos pelo príncipe das
Astúrias, Felipe de Bourbon, na chegada à Espanha

Tribuna online: http://www.tribuna.inf.br/primeira.asp

Lula diz que não abandonará a política e apoiará seu sucessor


ELEIÇÕES


EFELula diz que vai apoiar sucessor

Presidente brasileiro
diz ainda, em entrevista ao jornal espanhol
El País, que nunca
vai deixar a política e que quer contribuir na eleição de seu sucessor





Espanha - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma em entrevista publicada neste domingo pelo jornal espanhol El País, que nunca deixará a política e que, quando terminar seu mandato presidencial, em 2010, trabalhará para apoiar seu sucessor.

"Não vou deixar a política, porque a política está em mim há muitos anos", diz o presidente, em entrevista concedida horas antes de iniciar sua visita oficial à Espanha, na qual apresentará o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Lula afirma que não tem ainda o nome de seu sucessor, mas se compromete a trabalhar para que, "em 2010, quem for candidato para presidente possa me convidar a subir com ele nos comícios".

"Quero contribuir na eleição do meu sucessor. E, quando sair da Presidência, não vou fazer nenhum comentário sobre o governo", acrescenta o líder brasileiro.

Na entrevista, Lula ressalta as conquistas econômicas, ambientais e na luta contra a corrupção em seu governo, mas reconhece que "falta muito" a fazer e defende que a política de sua administração é ir "subindo degrau a degrau".

O presidente reconhece que mudou seu discurso desde que chegou ao poder, e justifica no fato de que, "quando alguém governa, não tem o direito de agir como quando um estava em um comício", o que não impede, acrescenta, de manter "a mais sólida relação" com o movimento social.

O resultado, argumenta, é que "em toda a história do Brasil não houve um momento mais sólido da economia", e que foi possível combinar um bom nível de exportações com um equilíbrio do mercado interno e um forte crescimento com o controle da inflação.


sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Lula se reúne hoje com primeiro-ministro e empresários da Noruega

14/09/2007


Oslo, 14 set (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre hoje um seminário com a presença de empresários brasileiros e noruegueses e terá uma reunião com o primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, no encerramento de sua visita ao país.

Lula, que ontem à noite foi homenageado com um jantar de gala no Palácio Real pelos reis Harald V e Sonia, abrirá a agenda de trabalho com um café da manhã com empresários noruegueses. O ministro da Energia e Petróleo da Noruega, Odd Roger Enoksen, também participa do encontro.

Em seguida, Lula vai a um fórum econômico organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Noruega, para em seguida depositar flores no monumento nacional, na Fortaleza de Akershus.

Após uma visita ao Stortinget (Parlamento) para se reunir com seu presidente, Thorbjørn Jagland, Lula vai ao escritório do primeiro-ministro. Os dois vão discutir assuntos bilaterais e a adoção dos biocombustíveis, tema central da viagem pelos países nórdicos.

Não está prevista a assinatura de nenhum acordo na área de energia, como aconteceu na Finlândia, Suécia e Dinamarca. Mas é provável que os dois governantes assinem uma declaração genérica sove cooperação em política ambiental. Ela incluiria a possibilidade de projetos conjuntos na África, segundo o Ministério do Meio Ambiente norueguês.

O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, vai se reunir com seu colega norueguês, Jonas Gahr Støre, antes de abrir um seminário sobre paz e reconciliação.

O presidente e sua delegação vão depois ao Palácio de Akershus para um almoço oferecido pelo Governo norueguês, com a presença dos reis e dos príncipes herdeiros. Uma cerimônia oficial de despedida no Palácio Real de Oslo encerrará a visita de Lula, que deve deixar a Noruega às 16h40 (12h40 de Brasília), rumo à Espanha.

Fonte: Uol Notícias



quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Lula aconselha sindicalistas dinamarqueses a seguir seu exemplo

13/09/2007 - 19h49

"Valeu a pena teimar em ser presidente do Brasil. Não foi fácil: perdi três eleições. Perder três eleições significa esperar 12 anos." Com essas palavras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou nesta quinta-feira encorajar sindicalistas dinamarqueses a continuar buscando espaço na política. No último compromisso da visita a Copenhague, ele pediu: "Torçam para que eu dê certo (no governo), porque tudo será mais fácil para vocês e para os trabalhadores de todo o mundo." O presidente, que fez escala na capital dinamarquesa em seu giro pelos países nórdicos, falou a trabalhadores na sede da LO, a principal central sindical da Dinamarca, um moderno prédio envidraçado à beira do rio Sydhavnen.

"Se eu trabalhasse aqui, em um prédio desses, de frente para esse rio, fazia uma revolução todo dia", brincou Lula.

O presidente se mostrou à vontade em três discursos ao longo do dia - depois de um café da manhã com empresários, antes de um almoço com o primeiro-ministro dinamarquês e à tarde com os sindicalistas.

Várias vezes utilizou metáforas da infância pobre e da modesta vida de operário para tentar sensibilizar os dinamarqueses, um dos povos mais ricos do mundo.

Para garantir a empresários que a política fiscal será "dura" em seu governo, por exemplo, disse que aprendeu como operário que só se pode gastar o que se tem.

"Se eu gastar mais do que ganho, não vou chegar a lugar nenhum", ensinou, rejeitando que o rigor seja apenas uma resposta às exigências dos mercados.

"A política fiscal não será feita pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), porque o FMI não está no Brasil." Em uma breve entrevista conjunta com o primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen, Lula lançou mão de outro exemplo pessoal para garantir que o país não está vulnerável à crise financeira mundial que ameaça se formar na esteira da crise americana.

Contou que, em sua meninice, cada chuva forte significava a inundação de sua casa, apesar das diversas tentativas da família de levantar uma barreira para conter a água.

No caso brasileiro, segundo a metáfora presidencial, a estabilidade macroeconômica é o muro mais resistente contra as águas (a crise).

O ex-plebeu republicano chegou mesmo a mencionar que aprendeu, em suas viagens como presidente do Brasil, a entender o sistema monárquico.

"Seria possível uma Inglaterra sem a monarquia? Uma Dinamarca?" - questionou Lula, respondendo à pergunta da imprensa dinamarquesa sobre as suas impressões em relação à família real do país.

"Agora eu entendi que (a monarquia) faz parte da cultura, está enraizada na alma do povo. E tive uma agradável surpresa: o povo adora", afirmou o presidente.

"Em alguns casos, a democracia só foi mantida num país pela existência de um rei, da figura que ele representa." Lula pareceu tentar cativar seus interlocutores em assuntos globais como o combate à fome no mundo, o desenvolvimento da África e as negociações comerciais da Rodada Doha.

Na única referência à política doméstica em todo o dia, ele disse a jornalistas brasileiros que desejava ver o Senado "voltar à normalidade", horas depois de a Casa absolver seu aliado político, o alagoano Renan Calheiros.

"Para um presidente da República o que interessa é que o Senado volte a funcionar com normalidade porque temos coisas muito importantes a serem votadas, como a CPMF a reforma tributária, coisas de interesse do povo brasileiro." No fim da tarde Lula seguiu para Oslo, na Noruega, onde foi recebido pelo rei Harald e a rainha Sonja.

E depois, segundo sua assessoria de imprensa, o presidente se recolheu ao Palácio Real sem emitir mais declarações.

Fonte: Uol Notícias