sábado, 29 de setembro de 2012


Presidenciáveis usam eleições como palco

Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva e Ciro Gomes aproveitam campanhas municipais e correm o País como candidatos em 2014

29 de setembro de 2012 | 20h 22
João Domingos e Eugênia Lopes, de O Estado de S. Paulo
Pré-candidatos a presidente da República em 2014, Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB), Marina Silva (sem partido) e Ciro Gomes (PSB) montaram uma agenda de participação na campanha às eleições municipais de forma a pedir votos para aqueles que apoiam "vender" a imagem para se tornar mais conhecidos.
Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência, corre o país em apoio a aliados - Beto Barata/AE
Beto Barata/AE
Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência, corre o país em apoio a aliados
Além de visitas a inúmeras cidades, eles têm feito centenas de gravações para os atuais candidatos. A prioridade foi viajar a locais onde partidos e aliados têm grande chance de vitória. O senador Aécio Neves, por exemplo, foi para Ribeirão Preto (SP) dar uma força ao ex-líder do PSDB na Câmara Duarte Nogueira, que está em segundo lugar na disputa pela prefeitura, conforme as pesquisas.
Na semana passada,entre outras cidades, Aécio foi para Salvador onde o PSDB apoia o democrata ACM Neto,Vitória,Vila Velha,Teresina,Campina Grande, João Pessoa, Maceió, Aracaju, Pelotas e Manaus.
"O PSDB tem uma característica de bons resultados em São Paulo, Minas e Paraná. Isso pode ser transportado para outras cidades", diz Aécio, acrescentando ser prematuro pensar na eleição de 2014, mas admite que hoje seu nome é mais lembrado no Sudeste.
Cruzada. Numa cruzada para fortalecer o PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, usa a mesma tática. Diz não ser candidato à Presidência em 2014, mas todos sabem que ele alimenta pretensões presidenciais. Se não der em 2014, caso a presidente Dilma Rousseff seja candidata, que seja em 2018.
Se Aécio é bem conhecido no Sudeste, Campos pode dizer o mesmo do Nordeste. E suas andanças para fazer campanha para seus candidatos tendem a torná-lo mais conhecido Brasil afora. Ele já foi para Natal, João Pessoa e São Luís. E para Campinas, São Paulo e Ferraz de Vasconcellos, em São Paulo. Na semana passada, iniciou viagens a Curitiba e a Belo Horizonte, além de Porto Velho.
Já a ex-ministra Marina Silva ainda não sabe se será candidata em 2014. Se eu leque de apoios, porém, é amplo. Passa por PT, PDT, PSB, PSOL e PPS e está presente em todas as regiões. Desde o início das campanhas municipais, Marina fez um périplo, com viagens para Macapá, São Luís, Manaus e Maceió, onde pediu votos para a ex-senadora Heloisa Helena (PSOL). Conforme Marina, seu apoio é multipartidário porque é programático, verifica a história do candidato.
Já Ciro Gomes, que já foi candidato à presidência em 1998 e 2002, tem dedicado a maior parte de seu tempo para tentar eleger Roberto Claudio (PSB) para a Prefeitura de Fortaleza. Mas viajou, nos últimos 30 dias, para Porto Alegre, Cachoeira, Gravataí e Viamão, no Rio Grande do Sul, e Florianópolis para ajudar nas campanhas.
A vitória de Roberto Claudio na capital cearense é essencial para os planos de Ciro e de seu irmão, o governador do Ceará Cid Gomes (PSB). Cid sonha fazer seu sucessor no governo, enquanto Ciro não descarta a hipótese de disputar pela terceira vez a Presidência.Antes, no entanto, terá de conquistar espaço no PSB, dominado por Campos, ou mudar de partido.



quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Inoxidável, popularidade de Dilma atordoa rivais

Potenciais adversários de Dilma Rousseff em 2014, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) amarram os seus sonhos na corrosão da crise. Tomada pela última pesquisa do Ibope, a recandidata do PT, de aparência inoxidável, está longe de virar o pesadelo idelizado pelos rivais.
A taxa de aprovação do governo é de 62%. A aprovação pessoal de Dilma é ainda maior: 72%. Declaram confiar nela 73% dos eleitores pesquisados. São índices muito superiores aos que amealhavam Lula e FHC na mesma altura de seus primeiros mandatos.
Um tucano com bico em formato de ferrão comenta: “A crise está aí. Mas ela só vai virar peça de campanha se corroer os empregos e a renda. Quem entra na disputa presidencial olhando apenas para a crise faz isso imaginando que está no caminho certo. Tudo bem. Mas convém evitar a contramão.”

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

De olho na vice de Dilma em 2014, Temer tenta garantir sua recondução ao comando do PMDB (Josias de Souza)


04/09/2012 


De olho na vice de Dilma em 2014, Temer tenta garantir sua recondução ao comando do PMDB ()


04/09/2012 - Decidido a renovar em 2014 a parceria que estabeleceu com Dilma Rousseff em 2010, o vice-presidente Michel Temer já articula sua recondução à presidência do PMDB. O cargo ficará vago em março de 2013. O debate interno sobre o preenchimento começa a mobilizar a legenda. Espera-se chegar a uma definição antes do final do ano.
Mantendo-se no leme, Temer conserva a condição de principal interlocutor do PMDB nas negociações de 2014, que serão intensificadas após a abertura das urnas da eleição municipal de 2012. Daí precocidade do debate sobre a sucessão interna que só ocorrerá daqui a seis meses.
Ao assumir a vice-presidência da República, em 2011, Temer licenciou-se do comando do partido. Continuou, porém, dando as cartas. Opera em sintonia com o primeiro vice-presidente, senador Valdir Raupp (RO), que responde interinamente pela presidência. Trabalha pela manutenção desse modelo.
Deseja ser reconduzido junto com Raupp, que vocaliza na direção partidária as vozes do grupo do Senado, capitaneado por José Sarney e Renan Calheiros. Prevalecendo, Temer renovará o pedido de licença. E continuará presidindo a legenda a quatro mãos, em harmonia com Raupp.
Temer preside o partido desde 2001. Já lá se vão 11 anos. A última recondução ocorreu em 2010, sob questionamentos de dirigentes de quatro diretórios estaduais que se opunham à aliança com o PT. Roberto Requião (Paraná) defendia a candidatura presidencial própria. Jarbas Vasconcelos (Pernambuco), Luiz Henrique (Santa Catarina) e Orestes Quércia (São Paulo), preferiam o tucano José Serra à petista Dilma Rousseff.
Para driblar as resistências, Temer pacificou as relações de dois grupos que viviam às turras: o da Câmara, liderado por ele, e o do Senado, operado por Sarney e Renan. Foi nas pegadas desse entendimento que Raupp foi alçado ao segundo posto do partido. Desde então, o PMDB opera sob relativa unidade.
Foi graças a essa engenharia que Temer bateu o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, numa disputa pela vice na chapa de Dilma em 2010. Lula queria Meirelles. Orientara-o a filiar-se ao PMDB. Vitaminado pelo acerto com o grupo do Senado, Temer se impôs à vontade do patrono de Dilma.
Hoje, Meirelles está no PSD de Gilberto Kassab, a candidatura própria defendida por Requião é mais improvável do que antes, Jarbas encontra-se de mãos dadas com Eduardo Campos (PSB), Luiz Henrique é um senador à procura de rumo e Orestes Quércia virou lápide.
Dizimadas as resistências, Temer opera para chegar a março no comando de uma chapa única. Acertou-se com Raupp. Significa dizer que está a caminho de entender-se com Sarney e Renan. Tesoureiro do PMDB, o senador cearense Eunício Oliveira gostaria de viabilizar-se como candidato à presidência do partido. Os partidários de Temer afirmam que faltam-lhe votos.
Eunício preside a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante do Senado. Insinuava-se como candidato à presidência do Senado. Renan informou-lhe que está no páreo. Inviabilizando-se a alternativa de suceder Temer, Eunício terá de contentar-se com a disputa pela liderança da bancada de senadores do PMDB.
A exemplo do que ocorrera em 2010, Lula insinuava nos subterrâneos que poderia indicar um vice novo para dilma em 2014. Em privado, mencionava a hipótese de apontar o governador pernambucano e presidente do PSB Eduardo Campos. Ao abrir guerra contra o PT em Recife, a alternativa de Lula virou pó.
O petismo agora enxerga no mandachuva do PSB um adversário potencial de Dilma, não um vice. Com o caminho aberto, Temer trabalha para pavimentá-lo, mantendo sob seus domínios o comando do PMDB. Uma legenda que, a partir de fevereiro do ano pré-eleitoral de 2013 comandará a Câmara e, de novo, o Senado. Adulando-o, o PT terá tempo de tevê e governabilidade. Contrariando-o, comerá o pão que Asmodeu amassou.