quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pequim aprova reforma do Conselho de Segurança e reitera parceria militar com o Brasil

12/4/2011 8:36,  Por Redação, com agências internacionais - de Pequim
A comitiva brasileira reúne-se com a cúpula do governo chinês
A comitiva brasileira reúne-se com a cúpula do governo chinês
Em nome da promoção do “desenvolvimento, da democracia, dos direitos humanos e da justiça social”, a presidenta Dilma Rousseff e o presidente da China, Hu Jintao, reafirmaram nesta terça-feira parcerias nas quais garantem a manutenção de um Comitê Conjunto de Defesa e uma série de acordos de cooperação na área. Na presença de Dilma, Hu Jintao defendeu a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas de tal maneira que se torne mais “eficiente e capaz”.
A reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) é tema considerado prioritário na política externa brasileira.
“Neste contexto, a China e o Brasil apoiam uma reforma abrangente da ONU, incluindo o aumento da representação dos países em desenvolvimento no Conselho de Segurança como uma prioridade”, diz o comunicado conjunto divulgado hoje.
Para o governo Dilma, a estrutura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que é do final da II Guerra Mundial, não corresponde ao mundo atual. Por isso, o esforço é para ampliar o número de cadeiras de 15 – cinco permanentes e dez provisórias – para 25, entre as quais o Brasil se coloca como candidato a titular.
“A China atribui alta importância à influência e ao papel que o Brasil, como maior país em desenvolvimento do hemisfério ocidental, tem desempenhado nos assuntos regionais e internacionais, e compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas”, acrescenta o documento.
De acordo com o comunicado, Dilma e Hu Jintao concordam que os países em desenvolvimento merecem ampliar seu espaço no cenário político internacional, por isso pretende ampliar o diálogo em busca dessa conquista. Paralelamente, China e Brasil defendem a atuação da ONU como mediadora de negociações internacionais.
“(Os presidentes da China e do Brasil) reiteraram seu comprometimento com o multilateralismo e expressaram seu apoio ao papel central da ONU na solução de grandes questões internacionais. Reafirmaram (ainda) a necessidade da reforma da ONU, de forma a torná-la mais eficiente e capaz de tratar dos desafios globais atuais”, completa o documento final.
Questão econômica
No encontro, a presidente Dilma Rousseff não fez reclamações sobre a questão do yuan durante reunião com o presidente da China, Hu Jintao, nesta terça-feira, mas saiu do encontro com um acesso maior ao mercado chinês e promessas de investimento que podem aliviar as tensões comerciais. As manufatureiras brasileiras têm reclamado que a moeda chinesa está muito depreciada, prejudicando sua competitividade e dando às indústrias da China uma vantagem injusta. Mas, apesar de ter sinalizado que poderia tocar no assunto, Dilma não discutiu a disputa cambial com Hu durante o encontro em Pequim, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
– Não, não foi (discutido) – disse Pimentel a jornalistas ao ser perguntado se a questão do iuan havia sido mencionada.
A ausência do assunto pode ser considerada uma vitória para a China, que tem resistido à pressão internacional para elevar o valor do yuan. Mas Dilma conseguiu fechar uma série de acordos comerciais no primeiro dia de sua visita à China. Pimentel disse que empresas chinesas fecharam acordos de investimentos para projetos no Brasil que chegam a US$ 1 bilhão, além do acordo de compra de 35 jatos comerciais médios fabricados pela Embraer, anunciado mais cedo. A presidente disse que as relações de comércio bilateral precisam de um salto qualitativo para serem sustentáveis.
– As exportações brasileiras para a China ainda estão excessivamente concentradas em produtos como soja, minério de ferro, petróleo e celulose. Isso é bom, mas não é o bastante. São todos produtos importantes, cuja exportação queremos incrementar, agregando a eles valor. É necessário, no entanto, diversificá-los para que a expansão do comércio bilateral seja sustentável – disse Dilma em encerramento de seminário empresarial Brasil-China.
Comércio e investimentos
A visita de cinco dias de Dilma à China, iniciada na terça-feira, tem o objetivo de garantir mais concessões no que muitos brasileiros consideram uma relação desequilibrada de comércio e investimento entre as maiores economias da América Latina e da Ásia. O Brasil deseja, particularmente, ganhar mais investimento e acesso ao mercado chinês para produtos com valor agregado. No ano passado, 83 por cento das exportações brasileiras à China foram de produtos básicos, enquanto 98 por cento das importações foram de produtos manufaturados.
Uma das conquistas de Dilma foi um pedido de empresas aéreas chinesas, incluindo a China Southern, por jatos Embraer, cujo valor unitário é de cerca de US$ 40 milhões, disse o CEO da fabricante brasileira, Frederico Curado, durante evento em Pequim. Separadamente, a joint venture da Embraer na China, a Harbin Aircraft Ltd, obteve uma permissão de autoridades chinesas para montar o jato comercial da empresa, o Legacy 600. Outros acordos anunciados durante a visita de Dilma incluem centros de pesquisa e desenvolvimento em Goiás e São Paulo, cada um no valor de 300 milhões de dólares.
O frigorífico Marfrig investirá US$ 250 milhões em seis centros de distribuição na China. A Petrobras fechou acordos de transferência de tecnologia com a Sinopec e a Sinochem para desenvolver as reservas de petróleo do pré-sal e aumentar a produção em reservas maduras, respectivamente. Dilma deve se reunir com outras autoridades chinesas na quarta-feira antes de participar de reunião de cúpula do Brics, grupo que reúne também Rússia e Índia, além do novo membro África do Sul.

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